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HOLLYWOOD x PÚBLICO III – os desastres do verão

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Analistas e grandes realizadores do cinema estadunidense temem que uma crise braba se instale em Hollywood, a qual tem muito dinheiro para investir nos blockbusters, mas não tem financiamento para projetos menores. O delicado momento vivido pelos grandes estúdios produtores de filmes do gênero, mesmo assim, provavelmente não vai provocar mudanças no método de gastança de Hollywood. Mas os desastres do verão 2013 já são históricos e inesquecíveis. Um deles, um corvo morto

O corvo morto na cabeça de Johnny Deep em O CAVALEIRO SOLITÁRIO pode simbolizar o fracasso dos blockbusters

O corvo morto na cabeça de Johnny Deep em O CAVALEIRO SOLITÁRIO pode simbolizar o fracasso dos blockbusters

Farol aceso, luz vermelha piscando ou só uma lanterna com defeito? Os números desanimadores de parte dos filmes produzidos para lançamento neste verão americano e que estão dando o maior prejuízo a estúdios como Disney, Universal, Dreamworks, Sony, Warner e Paramount, entre outros, não devem, no entanto, mudar o atual método de produção de Hollywood. A indústria é poderosa e ainda não apareceu nenhuma luz vermelha ou um Portal do Paraíso capaz de promover o fechamento de uma delas.

Portal do Paraíso (Heaven’s Gate), o filme em referência, é drama de época ambientado no Arkansas de 1880 que trouxe à tona o massacre de dezenas de famílias de agricultores imigrantes da Rússia por poderosos latifundiários da região de Johnson County em um episódios mais sangrentos da história dos EUA. Com Kris Kristofferson, Isabelle Hupert, Christopher Walken e John Hurt, custou US$ 44 milhões (uma fortuna inimaginável para a época) e arrecadou apenas US$ 1,5 milhão, um prejuízo tão devastador que fechou as portas da United Artists – o estúdio fundado em 1919 por Charles Chaplin, Mary Pickford e Douglas Fairbanks. Somente em 2006 foi reaberto sob a gerência de Tom Cruise e Paula Wagner e também não vai lá muito bem das pernas, diferentemente da MGM, que está muito bem recuperando as suas finanças sob o comando de James Bond.

São vários os atuais candidatos a novo Portal do Paraíso. Felizmente, nenhum deles vai chegar a tanto. Mas o prejuízo é bilionário. Por que? Porque, para se pagar – apenas se pagar -, um filme em Hollywood – qualquer um deles -, tem de multiplicar por três o seu orçamento – no qual, também, está incluída a despesa de publicidade. Note bem: faturar 3 vezes o valor do orçamento.

Hollywood alcançou uma conquista planetária: a do mercado externo. A ocupação do sistema exibidor em estimados 74 países nos quais coloca os seus filmes é avassaladora. Com exceção da França, Índia, China (grandes mercados), que têm regras rígidas para a exibição de filmes estrangeiros, Hollywood ocupa 90% – com a Irlanda e outros países do Reino Unido. Vem daí, 60% da arrecadação nas bilheterias. Assim, o mercado exterior oferece lucro certo – sejam ou não blockbusters. As rendas obtidas pelos filmes no exterior são geralmente maiores do que a do seu mercado interno o mercado americano, formado pelo sistema exibidor dos EUA e do Canadá. Ou seja: o mercado externo paga a produção dos filmes. Para comprovar, basta conferir as tabelas dos Rankings publicados no início das semanas neste Blog de Cinema.

No verão americano deste ano, de maio até esta quarta semana de julho, Hollywood já colocou nos cinemas do mundo nada menos de 12 produções com orçamento a partir de US$ 100 milhões – a última, Wolverine – Imortal (The Wolverine, Fox). Custo: 100 milhões de dólares.

ALÉM DA ESCURIDÃO - STAR TREK: além do título profético, deu fumaça, mesmo no espaço

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A caça ao dinheiro

Abrindo a temporada de caça ao público, Além da Escuridão – Star Trek (Star Trek – Into Darkness, Paramount), de J.J. Abrams, custo de US$ 190 milhões, vai ficar no prejuízo com os US$ 450,3 milhões arrecadados na bilheteria mundial – US$ 225,7 milhões nos EUA e mais US$ 224,6 milhões no resto do mundo. Como está concluindo a sua temporada nos cinemas, US$ 448 milhões parece um sonho distante.

A Paramount vai tirar o prejuízo de US$ 121 milhões com os mercados de DVD, Bluray, TV assinatura e outras mídias. Provavelmente o lucro será muito pouco. O fracasso de Star Trek 2 soma-se também ao do primeiro exemplar (2009), cujo custo foi de US$ 150 milhões e arrecadou apenas US$ 285,6 milhões. E a razão disso está na cara: a imposição da reinterpretação para o âmbito da ação de uma série cerebral e filosófica sobre o desbravamento e as possibilidades existentes no universo desconhecido.

Mas, como destacado no início deste texto, Hollywood não se importa com fracassos. Tanto que a Paramount já aprovou o terceiro filme, a ser lançado em 2016, quando a série comemorará 50 anos. Ashley Miller e Zack Stentz (a dupla de X-Men: Primeira Classe, Thor e do reboot de O Quarteto Fantástico) ficará responsável pelo roteiro e J. J. Abrams provavelmente não deve ficar a frente do projeto, já que estará ocupando com Star Wars – Episódio VII.

Até os zumbis de GUERRA MUNDIAL Z se estarreceram com o fracasso do filme

Até os zumbis de GUERRA MUNDIAL Z estão estarrecidos com o fracasso do filme

A Paramount ainda contabiliza um prejuízo intitulado Guerra Mundial Z (War World Z),que custou U$S 190 milhões, segundo o estúdio, e US$ 350 milhões, segundo a imprensa. Após se livrar da possibilidade de ser um fiasco junto ao público, a película surpreendeu e atualmente já obtém US$ 456,4 milhões em renda mundial (US$ 187 nos EUA). O site Movieline, analista de bilheterias, registra que a ficção científica de Marc Foster e Brad Pitt fechou em US$ 194 milhões a sua arrecadação nos EUA. Ou seja, paga só 50% da produção. Já tendo estreado nos principais mercados estrangeiros, obtém, até agora, US$ 280,4 milhões. Soma: US$ 474 milhões. Ainda assim precisa de US$ 100 milhões para se pagar. Mesmo assim, parece certa a liberação de uma continuação.

DEPOIS DA TERRA: fracasso pelo desinteresse do público

DEPOIS DA TERRA: fracasso pelo desinteresse do público

A Sony também não está escapando de dois projetos arriscados. Depois da Terra (After Earth). Investimento de US$ 130 milhões, a ficção científica de Will e Jaden Smith foi um cano no mercado americano: US$ 60 milhões. O mercado externo, mais uma vez, está fazendo a diferença: já lhe deu US$ 182,2 milhões, com mais de US$ 30 arrecadados apenas no mercado chinês. Com 242,3 milhões em renda bruta, a Sony sonha em fechar em US$ 250 milhões a renda internacional. Assim, o prejuízo seria de apenas US$ 90 milhões. Vai ficar nisso mesmo.

OS ESTIGIÁRIOS: comédia do diretor de UMA NOITE NO MUSEU virou cera

OS ESTIGIÁRIOS: comédia do diretor de UMA NOITE NO MUSEU virou cera vermelha

A Fox também tem o seu mal sucedido em Os Estagiários (The Intership). Produção de US$ 58 milhões, a comédia Shawn Levy (da série Uma Noite no Museu) conseguiu apenas US$ 63,1 no mercado interno e US$ 25,4 milhões no estrangeiro. A Fox aguarda que, com as estreias em agosto na Itália, Argentina e Brasil (dia 30), afora outros países, consiga alcançar mais US$ 40 milhões para, pelo menos, fechar a contabilidade em US$ 100 milhões. O prejuízo seria de apenas US$ 70 milhões.

Channing Tatum em O ATAQUIE (2013), de Roland Emmerich: US$ 150 milhões queimou a Casa Branca e torrou o filme

O ATAQUE (2013): com US$ 150 milhões Roland Emmerich queimou a Casa Branca e torrou o filme

O segundo insucesso da Fox, O Ataque (White House Down), tem a assinatura de Roland Emmerich (de 2012), que aplicou US$ 150 milhões em uma história idêntica a outro filme exibido há poucos meses, Invasão à Casa Branca (Olimpus Has Fallen), de Antoine Fucqua, com Gerard Butler, que custara US$ 70 milhões e arrecadara US$ 161 milhões em todo o mundo. Com Channing Tatum e Jamie Foxx, o projeto de risco é outro cano do ano. Com apenas US$ 116,6 milhões obtidos nos EUA (US$ 71 milhões) e no exterior (US$ 45,6 milhões), a ação de Emmerich ficará totalmente no vermelho. Estreia no Brasil em 6 de setembro.

A animação REINO ESCONDIDO (2013), precisa de uma luz de US$ 60 milhões para empatar os custos

A animação REINO ESCONDIDO (2013), precisa de uma luz de US$ 60 milhões para empatar os custos

A Fox torce, ainda, para que a animação Reino Escondido (Epic), de Chris Edge, produção da Blue Sky de Carlos Santana, com a qual tem parceria, não se estabeleça em prejuízo. A fantasia teve o custo de US$ 100 milhões e, já em final de carreira nos cinemas internacionais, contabiliza apenas US$ 244,7 milhões. Com US$ 106,4 milhões arrecadados nos EUA, encontra-se pouco interesse no mercado externo, no qual faturou apenas US$ 138 milhões. Precisa de uns 56 milhões de dólares para empatar as contas, o que poderá ser alcançado, em parte, com a estreia, neste mês de agosto na Coreia do Sul e Espanha, grandes mercados.

Clique aqui para assistir o vídeo inserido.

 

 

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